Clima de guerra. Angústia. Coração apertado. Indignação. Revolta e, sem exagero, até vontade de chorar. Foi assim que me senti assistindo a esse vídeo e muitos outros que (infelizmente) não são mostrados na TV aberta.
Pra ser sincera, estou desde ontem tentando entender e
acreditar nos últimos fatos, fotos, notícias e vídeos colocados na internet a
respeito das manifestações contra o aumento das passagens de ônibus em várias
cidades do Brasil, mas principalmente e GRITANTEMENTE em São Paulo. De onde
será que parte tanta brutalidade de uma Polícia que, vejamos quanta ironia,
também usa o transporte público, quer dizer, coletivo; já que pagamos por esse
serviço e pagamos muito.
Não quero julgar quem exerce essa profissão, pois inclusive (como
diz o policial do vídeo em que o jornalista foi detido por portar vinagre (oi?))
eles estão ali cumprindo ordens. Mas quais ordens? De revidar, agir com
estupidez e extrapolar todos os limites através de uma simples farda que, creio
eu, não orgulha mais a muita gente? Até porque, imagino o que acontece: depois esconde a farda e pega o metrô para voltar para casa.
Não vamos defender quem se aproveita dessas manifestações pra
descontar uma ira sem fundamento contra o patrimônio público, pois tal atitude não
condiz com o intuito da manifestação pacífica que, a princípio, se pensava em
realizar. Mas, defender o patrimônio público é uma coisa, já atacar o “público”
é totalmente outra. Digo público, no sentido de plateia mesmo. Pois, apesar da
televisão aberta não mostrar, muita gente pôde ver a real situação e assim como
eu, se indignar com todos aqueles fatos chocantes a nossa frente.
O que vi foram policiais que pareciam estar ali não pra
conter qualquer tentativa de vandalismo, mas pra atingir qualquer cidadão que
estivesse por alguma má sorte do destino passando por ali. Atingir a imprensa,
crianças, idosos, parecia que a única intenção era essa: atingir alguém. E a
mim atingiram. Afinal, quem são eles pra falar de vandalismo, mesmo?
Sempre me orgulhei em dizer que sou brasileira, alagoana
principalmente, mas dizer que nasci no Brasil sempre foi uma alegria pra mim.
Alegria por ser um país pacífico, de gente acolhedora, sorridente e que abraça
o próximo. Pelo menos era. Tudo bem que, muitas vezes, cheguei a pensar que
tais características descreviam apenas os maceioenses, que de fato acolhem.
Li até que “São Paulo em guerra todo mundo fica doido, se é
aqui, ninguém de lá estaria preocupado.” e o pior é que concordo em parte com
isso, mas fico feliz em ter a sensibilidade necessária para não deixar que
fatos de regionalismo, bem comuns no Brasil, me impeçam de enxergar ou repudiar
o terror que estão fazendo naquela cidade.
Enfim, quero falar dessa alegria e do patriotismo que sentia
e já não sinto mais. Não sinto porque toda essa movimentação contra o aumento
das passagens de ônibus me fez enxergar ou acordar pra esse Brasil de poucos.
Vergonhoso. Um país que se diz democrático, mas que age de maneira repudiante
diante desses últimos acontecimentos.
As manifestações aqui em Maceió não chegaram a esse caos. Fiquei
bem feliz ontem ao ouvir durante a manifestação que os jovens, trabalhadores e cidadãos
querem garantir os seus direitos nessa causa, pois estão cansados. Sim,
cansados! Cansados de não serem ouvidos. “Todos os anos
as passagens sofrem aumento e chegou a um momento que não deu mais pra aceitar”,
foi o que me disseram. Então quer dizer que uma hora a gente acorda. É o que me
parece.
Além disso,
muito mais do que dinheiro, o que está em jogo é a dignidade do povo brasileiro
que, enfim, deve ter cansado de tudo ser imposto a eles e, literalmente, de tudo/todo
imposto! Não é por R$ 0,20, R$ 0,30 ou R$ 0,55, como é o caso de Maceió. Vai
além, sabe? É questão de honra sermos ouvidos agora. Dignidade. Acho até que
isso se chama democracia.
E repetindo o
que li muito hoje: “Verás
que um filho teu não foge a luta” nunca fez tanto sentido.
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